sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

Arquitectura Exterior

O Convento de Santa Ana do Carmo em Colares é um interessante exemplar de arquitectura religiosa maneirista da primeira metade do século XVII e de decoração já de carácter barroco. Uma linguagem arquitectónica cada vez mais integrada na escola italiana, muito ligada à arquitectura militar, define, no final do século XVI, um modelo nacional que se manterá durante o século XVII e para além das primeiras movimentações do Barroco.

Sob influência de Filipe I (Filipe II de Espanha), a Aula de Arquitectura constituirá a base pedagógica organizada de uma formação intelectual de artistas nos moldes clássicos e versados, tanto na teoria como na parte técnica e prática. As obras sob impulso régio situam-se sobretudo em Lisboa e os principais encomendados serão, pela maior parte, os clérigos e as ordens religiosas.
A protecção concedida às Ordens religiosas pelo novo poder filipino, traduzida no incentivo à fixação de novas regras, numa política de confirmação de privilégios e de produção legislativa de defesa dos seus interesses, está na origem de uma intensa actividade arquitectónica que, se começa imediatamente após a entrada de Filipe II em Portugal, só vem realmente a declinar nos começos do segundo quartel do século XVII.
Já atrás é referido que a construção do convento tal como se encontra hoje decorreu sobretudo durante o século XVII e sob o patrocínio mecenático de D. Dinis de Melo e Castro.
Colares viveu, durante os princípios do século XVII, sob uma generosa protecção artística e social, na pessoa deste bispo, notabilíssimo varão da Igreja, que nesta vila actuou como príncipe mecenas e protector. Sugere, por outro lado, um exemplo de vivência sob o domínio filipino nesta região, que os próprios anos de vida realçam, pois teria nascido cerca de dez anos antes da perda da independência e virá a falecer mesmo em 1640, ano da Restauração do reino.


Planta em L, irregular, composta por igreja de nave única, capelas laterais profundas e capela-mor, a que se adossa o edifício conventual a Sul, aberto por dois claustros, um pequeno e um grande.


A fachada da Igreja Conventual, orientada para poente, embora tardia e exibindo já os valores decorativos barrocos, mantém, na empena triangular e nas três janelas em que a central é mais elevada, uma tipologia característica da arquitectura da ordem carmelita. Esta fachada é também delimitada por cunhais de cantaria, rasgada por porta em arco abatido com pedra de armas no lintel e nicho com imagem de Nossa Senhora do Carmo, com emolduramento recortado.


(Fotos e Texto: André Manique / Foto Filipe I: Wikipédia)


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