terça-feira, 9 de outubro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

Campanhas de reedificação do convento no século XVII

A construção do convento tal como está hoje, apesar da sagração da igreja em 1528 pelo bispo D. Frei Cristóvão Moniz, carmelita, decorreu sobretudo durante o século XVII e sob o patrocínio mecenático de D. Dinis de Melo e Castro, doutor em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra, Desembargador da Relação do Porto, da Casa da Suplicação e do Paço, Bispo de Leiria, de Viseu e da Guarda e Regedor das Justiças. Será durante este período que decorrerá a campanha da quase total reedificação do convento, datando desta intervenção a capela-mor e os claustros.
Após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, na sequência do decreto liberal de Joaquim António de Aguiar, o convento e sua quinta passaram para a posse do Conde Leão de Clairange Lucotte, escritor de origem francesa. Era senhor de grande fortuna, mas com as primeiras construções do bairro da Estefânia e o funcionamento do primeiro comboio para Sintra gastou muito dinheiro. Como nos refere ainda José Alfredo da Costa Azevedo, “Sem tacto administrativo, com festivais e banquetes no seu Palácio da Cova da Moura, em Lisboa, e com o jogo, aniquilou a sua fortuna, acabando por morrer pobre”.


Em 1840, tudo passou para a posse do Conde de Lavradio, D. Francisco de Almeida Portugal. Segundo o escritor António Feliciano de Castilho “comprara ele (Conde de Lavradio) o Convento e cerca dos Carmelitas, a par de Colares. Cativado pela frescura, solidão e silêncio do sítio, e sentindo em si mesmo quanto era acomodado para o estudo, para o contentamento de ânimo, e para a criadora liberdade da fantasia (…)” (1).
Nove anos mais tarde a quinta do conde de Lavradio acolheria Alexandre Herculano, o poeta Bulhão Pato e o Marquês de Sabugosa.

(1) Revista Universal Lisbonense, Agosto de 1842.

Texto: André Manique


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