quinta-feira, 1 de março de 2007

Para Sempre!

Virgílio Ferreira nasceu em Melo, concelho de Gouveia, Serra da Estrela, a 28 de Janeiro de 1916. Faleceu em Lisboa, aos 80 anos, a 1 de Março de 1996.
A ele lhe devo a casa que hoje tenho em Sintra e, provavelmente, e segundo contam, a minha própria existência!
Passo a explicar: Virgílio Ferreira, que tive o privilégio de conhecer bem, era um dos melhores amigos do meu avô materno e foi ele que o apresentou à minha avó, em Faro. Foi ele também que convenceu o meu avô a comprar um terreno, pertinho da casa dele, em Fontanelas. A minha mãe conta que, na brincadeira, Virgílio lhe dizia: “eu sou o responsável por tu existires”.
Era uma pessoa séria, de poucas gargalhadas. Lembro-me bem do desespero do escritor quando o barulho no jardim, provocado pelos netos e seus amigos (entre eles eu), não o deixava trabalhar. Muitas vezes éramos ‘corridos’ para a minha casa, que ficava a uma centena de metros.
Recordo-me dos seus passeios de bicicleta (daquelas à ciclista) e dos seus passeios a pé, em direcção ao restaurante ‘O Zé do Café’, no Largo de Fontanelas, para almoçar ou jantar, na companhia da mulher, Regina.
Lembro-me bem da tristeza da minha avó quando lhe contei… a sensação do desaparecimento dos amigos. “Estou triste como a noite”, disse-me. Nesse dia 1 de Março de 1996, tinha eu apenas 22 anos, ofereci-me para levar a minha avó a Melo, Serra da Estrela, onde o amigo de tantos anos seria sepultado. Apesar das circunstâncias foi uma bonita viagem, e até deu direito a um jantar na Quinta das Lágrimas, no regresso a Lisboa. Mas o que me marcou mesmo foi o local onde o amigo da minha avó ficou sepultado: num cantinho poético do pequeno e bonito cemitério de Melo, virado para a serra, como sempre quis e desejou. “Para Sempre”!

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