quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Efemérides de hoje...


A 29 de Setembro de 1760 nascia William Beckford, escritor e milionário inglês que habitou oito anos, nos finais do século XVIII, na Quinta de Monserrate. Monserrate sofreu inúmeros estragos aquando do terramoto de 1755. Beckford mudou-se para a Quinta em 1794, fazendo obras nos jardins e redecorando o palacete existente.

“Lá no alto, por cima das nuvens, aparecia o Convento da Pena (...) tão extraordinariamente encarrapitado no cume das rochas, fez-me lembrar certas estampas com a Arca de Noé no cimo do monte Ararate”
William Beckford (1760-1844)

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"Regresso à Cúpula da Pena" - Parte III

Este texto de José Rodrigues Miguéis é mais um exemplo de como Sintra e seus arredores influenciaram inúmeros grandes escritores. Muitos deles, nacionais e estrangeiros, deixaram-se enfeitiçar pelas paisagens idílicas que este pontinho do globo oferece! E como nunca é demais relembrá-los, vou continuar a publicar textos alusivos a esta magnífica Vila e seu mágico envolvente. Já sabem, quem quiser o texto na íntegra, pode sempre pedi-lo através de e-mail.

"Regresso à Cúpula da Pena" - Parte III

E aqui vou eu agora a caminho de Sintra, sem mais nem menos, só porque uma tropa fandanga se lembrou de atravessar o largo, à hora a que dantes havia um rápido, e eu ali sentado a remoer problemas na esplanada do Suisso! Olhando a paisagem dura do Cacém, ocorreu-me esta pergunta estúpida: «Se ainda haverá cisnes pretos no lago?»
Chegado a Sintra, desentorpeci as pernas andando até à vila. O que sempre me atraía ali eram sobretudo as verduras, as sombras, as fontes, a paisagem, a altitude. Postado agora na arcaria ogival do Palácio Real, olhei o alto da Pena, e quis ter asas para galgar os penhascos, roçar os cimos do arvoredo, ir poisar naquelas torres e ameias dignas do Walt Disney. Mas, com franqueza, nem asas, nem pernas. Vista cá de baixo, da vila, a Pena pareceu-me um caso de respeito, ninho de águias, rochedo mitológico, amontoado de ciclopes exasperados, de garras crispadas, a agatanhar o céu. Como é que eu pude outrora trepar aquilo a pé, depois da caminhada desde Lisboa, como cheguei a fazer? E o que é que me atraía agora lá acima, que memória, que enamorado pensamento, que secreto desejo, anseio de galgar o hiato do tempo, desgarradora saudade ou largueza de vistas? Porque era ali que a vontade me estava chamando.
Corri a tomar uma tipóia que envelhecia no largo, agarrada às pilecas, e mandei bater para a Pena. Não, nem Seteais, nem Capuchinhos, nem sequer a Cruz Alta: a Pena! Daí a pouco, perna cruzada, chapéu no regaço, assobio na boca, a alma à larga, a brisa fresca no suor da calva ― por entre o gemer das molas e o bufar das bestas gastas, eu trepava a serra das serras. Mandei parar nas fontes e bebi, repetindo os gestos consabidos de quem refaz um velho conhecimento ou pratica um ritual.

FIM

José Rodrigues Miguéis, in “Léah e outras Histórias”, excerto de Regresso à Cúpula da Pena (1959)

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terça-feira, 28 de setembro de 2004

"Regresso à Cúpula da Pena" - Parte II

Hoje publico a segunda parte do “Regresso à Cúpula da Pena”, do escritor José Rodrigues Miguéis. Esta parte do texto faz-me lembrar algo absolutamente fantástico que eu presenciei, exactamente no mesmo local, no Castelo dos Mouros.
Foi há muito tempo. Eu devia ter cerca de 20 anos (foi portanto há 10 anos). Estava com um grupo, na casa de uns amigos, mesmo na Vila de Sintra, num Palacete do início do século passado, lindo de morrer! Fartos de jogar às cartas, decidimos aventurar-nos e subir a Serra a pé até ao Castelo dos Mouros. Era algo que fazíamos de vez em quando, quando se juntava um grupo divertido, e lá fomos nós! Deviam ser duas horas da madrugada quando chegámos ao cume da Serra, depois de uma hora às escuras (não podíamos acender lanternas por causa dos guardas florestais, pois é proibido andar ali àquelas horas). Sentámo-nos nas ameias do Castelo dos Mouros e aí tivemos uma das visões mais maravilhosas que alguma vez tínhamos tido! Do outro lado, no outro morro da Serra, lá estava o Palácio da Pena, que se ergui sobre todo o vale. A lua estava exactamente por trás do Palácio e, por isso, só víamos os recortes do edifício e das suas torres. À frente, uma neblina insistia em não desaparecer. Visto dali, o exuberante Palácio da Pena parecia tirado de um livro, ou de um filme. Olhámos uns para os outros, embasbacados com aquela visão. «Parece o Castelo do Conde Drácula», disse alguém! Ali ficámos, talvez duas ou três horas, cheios de frio (mas nem pensávamos nisso), a conversar e a presenciar aquele espectáculo único que só a Serra de Sintra pode oferecer!

"Regresso à Cúpula da Pena" - Parte II

Aqueles passeios a Sintra tinham sido sempre o meu regalo. Amava as hortas, as praias, os toiros, o futebol: mas sempre que me apetecia fugir deste simulacro de Inferno aberto em Céu ― Sintra comigo. Por lá andava todo o santo dia, de chapéu na mão, assobio na boca, a boa sombra, Seteais, as fontes, almoço no Lawrence (ou no Pombinha, conforme o orçamento), depois os Capuchos, as ruínas, a Pena... Cheguei mesmo a dormir uma noite, sozinho, nas ameias do Castelo dos Mouros. Foi no Verão, não há memória dum Agosto assim tão quente. A coisa mais extraordinária, nunca o hei-de esquecer, foi que o Sol se pôs no mesmo instante em que a Lua rompeu, e vinha cheia! Um espectáculo como nunca vi outro, nem sol da meia-noite, nem auroras boreais. Eram dois sóis, qual deles o maior, qual o mais vermelho, suspensos no horizonte, em lados opostos do mundo. Parecia uma alucinação ou um caso de espelhismo natural. Durante instantes tive a ilusão dum «fenómeno» ou cataclismo: o universo parava, e ficava retido entre aqueles dois bugalhos enormes de luz vermelha e baça... Depois o Sol afundou-se, e a Lua subiu, empalideceu, esfriou, fez-se uma lua de balada à Soares de Passos. Enfim, lá fiquei essa noite, e por sinal que me fartei de bater os queixos com frio, sem sobretudo, no Agosto mais quente de que rezam lendas encantadas. (Cont.)

José Rodrigues Miguéis, in “Léah e outras Histórias”, excerto de Regresso à Cúpula da Pena (1959)

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O Outono!


O Outono já chegou à minha casa!
Tenho saudades das noites de chuva à lareira...
das folhas a cair...
do cheiro a lenha queimada...
das camisolas de gola alta...
dos passeios à beira-mar na Praia Grande...
de um café bem quentinho no Angra...
do cheiro a castanhas assadas...
de ouvir as ondas bater nas rochas...
de ouvir a chuva...
Estou farta de calor!!!

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segunda-feira, 27 de setembro de 2004

"Regresso à Cúpula da Pena" - Parte I

Tal como prometido, eis mais um brilhante excerto da nossa Literatura, cujo pano de fundo é... Sintra.
Este texto é parte da obra “Léah e Outras Histórias” de José Rodrigues Miguéis, e intitula-se “Regresso à Cúpula da Pena”. Foi dividido em 3 partes. Espero que gostem!

"Regresso à Cúpula da Pena"

Nisto, uma tropa de viajantes apressados, ajoujados de malas e sacos, atravessou o largo de corrida, a caminho da estação. Olhei o relógio lá em cima, e conferi as horas no pulso: «À 1.50 sai o rápido de Sintra», comentei. E dei um pulo. O cavalheiro que, na mesa ao lado, se esforçava por ler nas entrelinhas do jornal, sobressaltou de medo, receando talvez uma agressão. Paguei a despesa, e, atrás do grupo, que já subia os degraus da entrada, deitei a correr através do largo cheio de sol e de estrépito.
Fui direito à bilheteira:
― Sintra, ida e volta. Ainda apanho o rápido?
O empregado olhou o relógio e respondeu com placidez:
― Tem cinco minutos.
Era então certo! Surpreendido e feliz, impaciente como há vinte anos com a lentidão dos ascensores, subi a dois e dois a escadaria. Era como se tivesse acertado com o número da sorte grande, um júbilo estranho, esta certeza tão minha de que alguma coisa continuava, um segredo só entre mim e o mundo do meu regresso... Daí a momentos, encaixado por milagre na carruagem de segunda, com este grato sabor de fumarada na língua, tornei a ouvir o apito nostálgico da locomotiva, o mesmo de há... «Mas que seca!», pensei. «Deixe o que lá vai! Hoje é hoje!»
(Cont.)

José Rodrigues Miguéis, in “Léah e outras Histórias”, excerto de Regresso à Cúpula da Pena (1959)

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Serra de Sintra

Esta foto foi publicada pelo Amnésia!



Não há muito a dizer... É uma foto belíssima, tirada na Serra de Sintra!

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sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Para os lados das Azenhas do Mar...

Lá para os lados das Azenhas do Mar está a decorrer um concurso de rimas e provérbios! Participem que vale a pena!


Eis a minha modesta contribuição (não se riam...):
"Desci a falésia e deparei-me com o laranja do mar
O sol punha-se por trás de uma onda leve e macia,
Sentei-me numa rocha, senti a maresia no ar
E vi as Azenhas do Mar, e toda a sua magia..."

"A Estranha Aventura de Sinta" V

Chegámos ao fim destes posts intitulados "A Estranha Aventura de Sintra", da autoria de António Quadros. Não é demais elogiar mais uma vez este magnífico ensaio, que retrata tão bem a Vila de Sintra e arredores. É uma descrição exímia e muito bonita. Se alguém estiver interessado, eu posso enviar o texto na íntegra por mail.
Para a semana vou começar a publicar um outro texto da Literatura Portuguesa, também sobre Sintra, que considero mais uma pérola da nossa cultura escrita. Até lá... BOM FIM DE SEMANA! E... se puderem... vão até Sintra!

"A Estranha Aventura de Sinta" V

Tinha acabado de chover havia pouco tempo. As nuvens, opacas e cinzentas, afastavam-se pouco a pouco, levadas por uma breve aragem. Dum momento para o outro, o céu ficou descoberto e o azul invadiu a atmosfera, tal um sorriso súbito. Desprendia-se da terra um cheiro de ervas molhadas e de folhas a secarem. O sol chegou também, um sol fresco e alegre, e ficaram mais brancas as penas dos cisnes que, de novo, um a um, se lançavam à agua.
O Castelo e o Palácio, que antes se erguiam sombriamente, ficaram mais leves, mais claros, como se tivessem esquecido o passado e tornassem à vida. Do vale, as vozes e os ruídos do trabalho no campo ganharam sonoridades e ecos.
O canto dum rouxinol cresceu no silêncio, atravessou matas e penedos, e foi-se perder, para lá dos contornos da montanha.
Foi como uma revelação. A presença de qualquer coisa mais, a presença duma voz surda e irreal, a presença dum mundo diferente tornou-se-nos evidente e irrefutável. Mensagem invisível e impalpável, ela tocava-nos, todavia, e manifestava-se como sentimento nunca experimentado. Era a lembrança, a saudade da estranha aventura de Sintra, do promontório da lua.
Quem duvidar, quem zombar desta vida transcendente que a alimenta, então nunca poderá, realmente, entrar em Sintra.
FIM

António Quadros, in Panorama nºs 36 e 37 (1948)

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quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Um spot fantástico!

Descobri no site da Câmara Municipal de Sintra este spot fantástico sobre Sintra e... ADOREI!
Para quem não conhece, ou para quem conhece e quer recordar, vale a pena ver! Está muito bem feito! Só tem um problema... sabe a pouco!

Passeio ao Luar...

Os passeios pedestres ao luar são uma das muitas actividades maravilhosas que se podem fazer na Serra de Sintra. Quem nunca experimentou, deve fazê-lo, pelo menos uma vez na vida!
Amanhã, sexta-feira dia 24, todos os que nunca o fizeram têm a sua grande hipótese e, garanto-vos, não se vão arrepender!
Este passeio realiza-se no âmbito da programação do “Sintra ao Luar” e vai cumprir uma distância de 10 quilómetros a partir da localidade da Ulgueira.
As inscrições podem ser feitas na Divisão de Desporto da Câmara Municipal de Sintra ou através do número de telefone: 219236142, e custam apenas 2,5 Euros por pessoa. O ponto de encontro é na Ulgueira, pelas 21h30m. Não percam! Se eu puder... vou!

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"A Estranha Aventura de Sintra" IV

Porque é que naquele recanto nevoento, se juntam plantas e flores dos cinco continentes? Porque é que as nuvens vêm cobrir, a todo o instante, os seus píncaros que não ultrapassam, no entanto, os quinhentos e quarenta metros? As nuvens buscam o promontório da lua, saudade dum planeta ou duma estrela onde estiveram um dia.Ah, sim! Sintra nasceu de qualquer aventura esquecida pelos séculos, e veio até nós como cometa, bólide de outros espaços e outras dimensões. E como se compreendem à luz desta realidade, as sombras e as encostas verdes de Monserrate, os pequenos lagos tranquilos da Pena, os rochedos bravios da serra, as ramagens intermináveis das fervores, formando um tecto de penumbra, os arbustos desconhecidos na Europa, as quintas emolduradas na natureza, os campos de flores, como se compreende o mistério enevoado de Sintra? Abandonemos inteligência, lógica, raciocínio. Sintra é para sentir, e só sentindo, se pode conhecer. Abandonemos regras e ciências: é a única maneira de possuir a eterna poesia de Sintra.Aqui deixamos a brisa da mensagem que uma tarde mansa e silenciosa de Sintra, nos ofereceu. (Cont.)

António Quadros, in Panorama

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quarta-feira, 22 de setembro de 2004

"A Estranha Aventura de Sintra" III

Estivemos em Sintra há pouco, por uma tarde calma, uma tarde de silêncio e de frescura. Visitámos as belas salas do Paço, onde viveram os reis de Portugal, percorremos as ruelas estreitas e íngremes, as escadarias tortuosas serra acima, emolduradas de céu e de montanha, descemos ao vale onde os riachos frios alimentam canaviais ondulantes, e onde as mulheres lavam a roupa rindo e cantando, passeámos nos caminhos poéticos, profundos de sombra e verdura das pequenas quintas cercadas de muros altos, cobertos de trepadeiras, fomos a Monserrate, onde a colina é verde e a água é escura como um mistério, funda como a própria existência, admirámos a beleza cuidada do Parque de Pena, e estivemos também no palácio, donde a vista da terra não tem fim, e a vista do céu parece ter limites, passamos por todos os pontos consagrados de Sintra, os Capuchos, Seteais, a Fonte dos Passarinhos... O trabalho do homem, em Sintra, não briga com o trabalho da natureza, antes o auxilia e disso nos devemos orgulhar, nós, portugueses. Que naquele ponto da terra, o homem tenha recuado, tenha hesitado, indica um respeito, uma admiração, que não fazem parte da sua índole. O homem apaga-se, ocupa voluntariamente ali, a posição de segundo plano. Porquê? Que poder sobrenatural se desprende das faldas luxuriantes da serra? Sintra é a terra das interrogações, das surpresas. (Cont.)

António Quadros, in Panorama

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segunda-feira, 20 de setembro de 2004

As Festas de Nossa Senhora do Cabo Espichel... em Sintra!


Este fim de semana, quando ia a passar pela Vila de Sintra, qual o meu espanto quando me deparei com uns festejos dos quais nunca tinha ouvido falar! Estranhei o facto, pois vou para lá desde que nasci, já lá vivi, e nunca tinha presenciado as Festas de Nossa Senhora do Cabo Espichel. Cabo Espichel?! Mas o Cabo Espichel é em Sesimbra... Que ligação poderá ter a Sintra? Decidi então investigar...
Encontrei as primeiras explicações no site da Câmara Municipal de Sintra, onde fiquei a saber que a Vila Velha (freguesia de S. Martinho) se engalanou para receber, no passado sábado, dia 18 de Setembro, a venerada imagem da Nossa Senhora do Cabo Espichel e que, devido a este facto, a Vila ia estar em festa durante nove dias, até ao próximo dia 27. Há 25 anos que a imagem não visitava a velha Vila de Sintra! Estava explicada a razão pela qual nunca tinha ouvido falar destas festividades. A última vez que Sintra recebeu a Virgem eu tinha... cinco anos! De facto, a Nossa Senhora do Cabo Espichel era só esperada para o ano que vem (2005) mas, devido à desistência de uma freguesia de Odivelas, veio um ano mais cedo! Para o ano, em Setembro, a imagem será entregue à freguesia de Almargem do Bispo, também no Concelho de Sintra. Antes disso, e por volta do mês de Maio, a imagem vai percorrer todas as comunidades da freguesia de São Martinho e vai passar bem pertinho da minha casa, na Capela Circular de Janas!
Uma coisa é certa: a Vila Velha está muito bonita, decorada com as cores de Sintra (azul e amarelo). Vale a pena ir lá espreitar!

Santuário de Nossa Senhora do Cabo e origem do culto
Este santuário está situado num dos pontos mais elevados da costa portuguesa, no Cabo Espichel, mais conhecido por “Promontório Barbárico”.
Não se sabe com exactidão qual foi a origem deste culto. Há autores que datam o seu início em 1215, por ocasião de um milagre que teria salvo a tripulação e um mercador inglês de um naufrágio junto ao Cabo Espichel. Outros, defendem a tese de que o culto data de 1410, altura em que foi descoberta no Cabo Espichel a imagem da Nossa Senhora do Cabo, por uns velhos da Caparica e de Alcabideche. Conta a lenda que a Virgem apareceu na praia montada numa mula que, ao trepar as rochas, deixou marcadas as suas patas. Em homenagem à Virgem, foi edificada, nesse mesmo local, uma ermida a que chamaram “Pedra Mua”.
O Círio da Senhora do Cabo, é considerado um dos mais antigos e mais significativos da província da Estremadura. De início, incluía cerca de 30 freguesias e, actualmente, apenas 26 participam, as quais pertencem a variados concelhos, como é o caso de Cascais, Sintra, Oeiras, Loures, Lisboa e Mafra. Assim, cada freguesia tem a honra de guardar a imagem da Nossa Senhora do Cabo durante um ano, tal como acontece este ano com a freguesia de S. Martinho de Sintra.

O que é o Círio?
São romarias realizadas aos santuários de culto mariano. Esta designação deve-se ao facto de os romeiros transportarem ao longo do percurso até ao Santuário uma vela grossa ou uma tocha, que representava o ‘sentir’ de toda a comunidade.
Os Círios à Nossa Senhora do Cabo começaram a ter menos pompa a partir de 1834, data da derrota dos miguelistas mas, actualmente, algumas das freguesias do distrito de Lisboa ainda comemoram estas festividades.
Além dos “Círios Saloios” (zona de Lisboa), existiamm igualmente freguesias e localidades da Margem Sul, que realizavam igualmente os seus Círios. À freguesia da Caparica pertencia o primeiro lugar na organização do Círio, devido ao facto de terem sido os homens da Caparica os primeiros a descobrir as marcas nas rochas, sendo eles, naturalmente, os primeiros a festejar o culto.
Actualmente existem ainda três localidades do sul do Tejo que realizam estes festejos: Palmela, Sesimbra e Azóia.

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É muito irritante!

Há obras muito chatas... mas obviamente necessárias! Essencialmente quando uma pessoa está habituada a fazer sempre o mesmo caminho e... esquece-se de que não pode passar!
É o que acontece sempre que vou de fim de semana para a minha casa em Fontanelas! Como não gosto de ir pela IC 16, normalmente sigo pelo Ramalhão, São Pedro, Vila de Sintra, desço para a Ribeira (até porque agora já não se tem de fazer contas de cabeça para se saber se se consegue passar ou não... agora é sentido único) e sigo pelo Carrascal, em género de corta-mato. É verdade! Como sou meia distraída, esqueço-me sempre que o troço entre a Ribeira e o Carrascal (Estrada Municipal 609) está fechado ao trânsito e só abre lá para meados de Novembro. É que desde dia 30 de Agosto que os SMAS de Sintra estão a instalar um colector para ligação dos efluentes da vila de Sintra à ETAR da Ribeira de Sintra.Assim, todos os fins-de-semana, lá tenho eu que ir dar a volta até Colares, o que me acrescenta cerca de 10 minutos à viagem... o que vale é a paisagem!

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"A Estranha Aventura de Sintra" II

Este ponto fresco do vale, em que o olhar sobe, trepando a vegetação da montanha, atravessando as paredes frias do Palácio da Pena e perdendo-se ao longe, para lá do dia e da noite; aquele panorama do Castelo dos Moiros em que, sentados nas ameias gastas da muralha, avistamos o mar confundido com o céu; aquele outro lugar onde o Paço Real de Sintra, pesado de história, se esconde por detrás dum muro inteiramente coberto de musgo velho, ou o momento irreal em que a vista da serrania, com o céu, a floresta, e a rocha, o cheiro húmido da erva medrando em todo o lado, o fino som da água caindo da fonte e das aves cantando nas copas das árvores, se transformam numa única sensação, nova, selvagem e indiferenciada, nada disso pode fazer parte da nossa humanidade. (Cont.)

António Quadros, in Panorama

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sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Um retrato perfeito!

Para que esta inauguração continue em beleza, vou começar hoje a publicar um lindíssimo texto de António Quadros, intitulado "A Estranha Aventura de Sintra".
Um retrato quase perfeito... uma aguarela...
Vale a pena ler...

"A Estranha Aventura de Sintra"

Cíntia, como lhe chamavam os gregos e os túrdulos, deriva o nome de Sintra. Cíntia era então, para sábios e poetas, o promontório da lua. O promontório da lua! Fantástica, misteriosa designação... Que realidade escondida, que verdade ignorada entreviram, lucidamente, os nossos longínquos antepassados? Nada ficou escrito, e a tradição oral não conserva vestígios dos reinos sonhados, dos caminhos pressentidos. Os séculos foram passando e, pouco a pouco, os homens foram destruindo implacavelmente os velhos mitos. Não importa. Nós sentimos, nós sabemos que só eles tinham razão, que Sintra não é um lugar como outro qualquer, que Sintra caiu entre nós por qualquer morta aventura, que Sintra não nos pertence, e nós não a merecemos porque não cremos na sua estranha origem.Condições climatéricas, natureza do terreno, constituição geológica? Mentira, horrível mentira! A força que alimenta os fetos, erguendo-os até ao céu, e dando-lhes natureza de Piore, a seiva que oferece às flores tão belos e variados matizes, as mil tonalidades do verde, a harmonia duma paisagem em que os rochedos e os penhascos se conjugam com as camélias e com os cisnes brancos, o sangue que palpita nas veias da serra de Sintra, vêm da lua, da nuvem, de toda a parte, menos deste mundo. Os que amam Sintra, os adeptos da sua doce religião pagã, sabem-no bem. É um mundo diferente, onde a beleza é o ar que se respira, e a poesia é a própria respiração. (Cont.)

António Quadros, in Panorama

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Uma pequena explicação...

Mais uma vez, sejam bem-vindos a este espaço que, dependendo de mim, irá fazer uma homenagem a este local do planeta terra que parece ter sido tocado por Deus. Não conheço ninguém que, de passagem por Sintra, não se deixe contagiar pela magia, pela beleza, pelo mistério...
No que respeita a mim, a razão pela qual dedico este espaço a esta vila e arredores, é porque ela está irremediavelmente ligada a toda a minha vida. Tenho casa em Fontanelas (entre as Azenhas do Mar e Magoito) desde que nasci. Uma casa comprada pelo meu avô materno quando a minha mãe tinha apenas 14 anos. Uma outra casa, esta alugada, nas Azenhas do Mar, perto das adegas do “Beira Mar”, pertencia aos meus avós paternos (já falecidos) e, agora, pertence aos meus tios. O meu pai, foi para lá com apenas 15 anos! Sempre vivemos em Lisboa, mas aquele lugar é a nossa terra! Foi lá que dois amigos de infância conheceram duas irmãs (a minha mãe e a minha tia) e com elas se casaram. Foi lá que cresci, que me aventurei nas primeiras saídas nocturnas, que tive o primeiro grupo de amigos. Aí conheci o meu ex-marido, aí foi a primeira morada da minha filha, aí continua a passar as suas férias, tanto com os avós paternos (na Praia das Maçãs), como com os avós maternos (os meus pais, em Fontanelas). Toda a minha família tem, ou já teve, casa em Sintra. Uns em Fontanelas, outros nas Azenhas do Mar, outros perto do Magoito, outros em Sintra propriamente dita. Conheço quase todos os cantos... os meus melhores amigos... foi lá que os conheci! Enfim... aquela terra... está-me no sangue!
Espero que gostem!

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quinta-feira, 16 de setembro de 2004

Bem-vindos!!!

Sejam bem-vindos à minha nova casa. Como já perceberam, este é um blog dedicado a Sintra, para mim, uma alfacinha de gema... esta é a minha verdadeira terra!
A casa está mais ou menos arrumada. Pelo menos, o suficiente para ser inaugurada!
Espero que gostem e... até já!

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